quinta-feira, 11 de junho de 2009

Chover no molhado...

Hoje é dia do Corpo de Deus. Ontem foi dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Talvez a sequência de dois feriados me tenha levado a pensar sobre as formas de chover no molhado que as minhas duas paixões profissionais, o ensino e o jornalismo, têm encontrado ao longo dos tempos.
Muitos de nós nos lembramos das redacções que nos pediam, todos os anos, sobre o dia do pai, o dia da mãe, o verão, o Natal e outras efemérides (palavra feia que me recorda enfermidade, não sei porquê...). Eram normalmente momentos áureos que serviam para tapar buracos, castigar os menos empenhados ou mais barulhentos ou poupar algum engenho na planificação das aulas. Guardo na memória, embora já sem memória rigorosa da fonte da rábula, aquele episódio do aluno que, perante o pedido constante do professor para que escrevesse sobre o seu fim-de-semana, inventava histórias mirabolantes, que apagavam, aos olhos dos outros, a pasmaceira que costumava caracterizar os seus sábados e domingos e deixariam, certamente, consolado o professor. Será que dava para não secar o imaginário das crianças com pedidos tão áridos, insossos, inodoros e incolores?
Também muitos de nós estamos habituados a ver reportagens, em vários órgãos de Comunicação Social, sobre as comemorações do 10 de Junho, o Carnaval do Rio de Janeiro, o Natal dos Hospitais, a Páscoa na aldeia, os títulos do FCP... O problema em si não é noticiar os acontecimentos, mas dar-se um destaque hiperbólico sempre aos mesmos dados: os mesmos políticos a discursar (a notícia não deve ser que eles discursam, mas o que dizem de diferente, se dizem...); as mesmas meninas a dançar, os mesmos pimbas a cantar, os mesmos sinos a tocar e os mesmos adeptos a exultar e a dizer as mesmas coisas. O mundo do jornalismo não informa por pintar o mesmo mundo sempre da mesma cor, mas por mostrar as diferentes cores e tonalidades que os diferentes mundos têm.

Bem, como hoje estou a postar de um modo especial ácido, cito a Adriana (canção Cara ou Coroa, a ouver juntamente com outras em http://www.myspace.com/adrianacompt) e "Vou dar por acabado".
'Bora jantar a casa da Tanicha, onde monotonia e conversas vazias são coisas que não existem!

4 comentários:

  1. E que jantar... "Vamos comer só batatas e legumes?" foi a frase da noite! =)

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  2. Nem foi a frase... Foi a frase e o tom! Eu não disse que conversas vazias e monotonia não existiam... Memorável!

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