Os programas da BBC Vida Selvagem ensinam-nos muito sobre a vida de várias espécies, com as quais temos bastante a aprender. No último domingo, enquanto consumia, ao almoço, uma dessas espécies ameaçadas de extinção (o atum), dei comigo a mergulhar na vida secreta dos elefantes (http://www.bbc.co.uk/programmes/b00gtgd2). Tudo à distância, para evitar surpresas!... Fiquei a saber que, quando são jovens e se iniciam no percurso de procura de fêmeas, os elefantes libertam uma secreção da inocência, indicando aos mais velhos que são inofensivos e não constituem concorrência à altura.
Esta manifestação de inocuidade está, aliás, na origem do riso entre os animais e mesmo do sorriso humano, como já muito bem explicou o zoólogo Desmond Morris (http://www.desmond-morris.com/), cujo percurso de investigação se tem dividido entre algumas espécies animais e o próprio homem, que também é, ao cabo e ao resto, um animal.
E a verdade é que encontramos, diariamente, figuras que sabem socorrer-se desse sorriso alegadamente inofensivo para conquistar os favores dos outros, como se libertassem uma secreção da inocência para iludir os mais distraídos! Consigo, sem grande esforço, lembrar-me de algumas figuras do mundo da política que assim actuam quase por princípio, como se o seu sorriso bloqueasse qualquer reacção adversa. Mas também na esfera privada detectamos quem assim proceda, de tal modo que o povo - que verdadeiramente é quem faz a língua, mesmo remando contra ventos de conveniência... - facilmente cria palavras e expressões para sancionar linguisticamente os falsos inocentes. Cara de anjo, cara de tacho, anjinho papudo, sorriso amarelo, sonsice, manhosice são apenas exemplos, cada qual com nuances muito particulares, de como a língua que falamos está, também ela, farta de levar com as secreções da inocência de uns quantos burlistas.
As coisas de que te lembras quando ves alguma coisa com trombas....
ResponderEliminarComo este rapaz delira....
O sorriso acaba por ser uma arma poderosa... e por vezes é o melhor dos sistemas de defesa. As coisas que se aprendem com a vida selvagem, que depois podemos aplicar (ou não) nesta selvajaria que é a humanidade (ou as relações humanas).
ResponderEliminarOlha, que bem pensado! ;)
ResponderEliminarBem vindo à blogosfera...
Este post escapou-me quando descobri o seu blog...
ResponderEliminarMuito bem pensado... concordo plenamente... só uma observação, se me permite... tenho verificado que as pessoas preferem os que cultivam a secrecção da inocência - que associo também ao canto das sereias... não são elas mais apreciadas e mais bem sucedidas do que as "têtes brulées" que procuram ser igual a elas próprias e não compactuam com essas práticas?
Em suma, cito Norman Vincent Peale:
"O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica."